domingo, 20 de setembro de 2015

Depois de mim






Dos olhos presos ao anzol
esticados no horizonte
duas cortinas de lágrimas
encontraram-me:
uma de montanhas rasas
e outra de margaridas nuas.

Do balão de nuvens
pregados no azul
um pedaço de vermelho
rasgou-me;
de cinza em torno
vento ventando
fez zum zum zum de olho
enquanto ardia-me a alma.

Ao final percebi:
zebra tem pente frouxo
não faz distinção entre listras, pois
destrocei os sins e só encontrei os nãos
atazanando abelhas de trás pra frente
enquanto dormia.

Depois, arrumei a mala
e de frente pra encruzilhada
me perdi.

Marcos Vidal

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