sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Rio Bonito



                                                              Foto:  Marcos Vidal


I
O verde lá fora desintoxica
Palavras e ações.
Borboletas amarelas
Trefegam sobre o reflexo do rio
Enquanto libélulas vermelhas e azuis
Descansam soberbas
Sobre as pedras.

II
O mistério da noite
Sob o manto estrelar é mais
Forte em Rio Bonito.
Seres pequeninos descansam flores:
Esperanças e grilos
Passarinhos e cigarras
Sapos e aranhas
Vagalumes e ventos...

Lá, atrás do pensamento, somos.

III
De noitinha
O bicho pau
Quebrou a angustia da alma.

IV
A orquestra da mata virgem
Entoa canções
Que nos tornam livres.
Lá longe, estrelas esperam nossos olhos.

V
O bailar das árvores, ziguezagueando formigas
Faz banquete pros passarinho.

VI
Seres invisíveis se mostram
Sob a fumaça do fogão à lenha
Enquanto lagartos famintos visitam-nos
Os sonhos.

VII

Leve, a alma transcende
Nesse cenário paralelo
Entre o sono e a preguiça.

Marcos Vidal

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Tu conseguirias?




Tu conseguirias
atrás do pensamento
esconder a minha dor
sob a borda do esquecimento
de franjas e neves?

Tu conseguirias  
beijar-me, afogar-me de tua saliva
depois regurgitar-me
em teu jardim sem flores?

Tu conseguirias
fingir que me ama
e depois, cansado de mim,
Dizer-me a verdade em letras garrafais?

Ou esperar a dor sarar
da saudade passar,
pra dizer que ainda me quer
sem cinzas de poeiras nos olhos?  

Ou espancar-me de afagos
Despindo-me alegre e fagueira
Atravessando-me a alma
Antes do anoitecer?

Ou retirar-me o ar
Deixando-me morrer
Embalado sob pequenos movimentos
Ardilosamente preparados pelo teu corpo?

Tu conseguirias?  

Marcos Vidal