A tua
cegueira silenciosa
entre dor
faminta e
lucidez
envenenada
transpassando
a cor do lustre
que ilumina
teus seios
sob os
violinos de Tchaikovsky
ardendo
saudoso enquanto
tua língua molha
minha orelha
saliva
derretendo música
entre lodo
vacilante
vago e sujo
suntuoso
frio de tua sombra
aquecendo de
leve
as almofadas
alimentadas
de teu vício
maior
refugiada entre
minhas pernas arcadas
em
contentamento previamente melosas
da nascente suplicante
do desejo
toda
potência toda toda
enevoada a
loucura da mão
rastejante e
irredutível diante
da boca
imunda de batom barato
nativo da
região mais pobre de São Paulo
a permissão
de teus olhos fechados
e satíricos
esperando obcecados
o teu cabelo
em minhas mãos
para
arrastar-te entre sonhos de gozos vencidos
enquanto de
súbito enxergas quem sou.
Marcos Vidal