terça-feira, 16 de julho de 2013

Amor às escuras



A tua cegueira silenciosa
entre dor faminta e
lucidez envenenada
transpassando a cor do lustre
que ilumina teus seios
sob os violinos de Tchaikovsky
ardendo saudoso enquanto
tua língua molha minha orelha
saliva derretendo música
entre lodo vacilante
vago e sujo
suntuoso frio de tua sombra
aquecendo de leve
as almofadas alimentadas
de teu vício maior
refugiada entre minhas pernas arcadas
em contentamento previamente melosas
da nascente suplicante do desejo
toda potência toda toda
enevoada a loucura da mão
rastejante e irredutível diante
da boca imunda de batom barato
nativo da região mais pobre de São Paulo
a permissão de teus olhos fechados
e satíricos esperando obcecados
o teu cabelo em minhas mãos
para arrastar-te entre sonhos de gozos vencidos
enquanto de súbito enxergas quem sou.       

Marcos Vidal

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