terça-feira, 3 de abril de 2012

Livro em branco




O branco da folha
engoliu o não dito
debaixo da nuvem secreta
onde o sabor
do nada tinha cor.

Um lápis sem ponta
escreveu teu nome
de trás pra frente
no espelho das horas.

Depois desenhei no vento
a matriz bruta da tua cegueira
na esquina da folha em branco.

Quase morto, segurei-te
a pele desnuda entre rascunhos
sem cor, a rever-te sob
a pequena chama da vela.

Marcos Vidal