quinta-feira, 28 de julho de 2016

O Perdão



Silêncio. Os olhos fechados buscam palavras. Restos na contramão incendeiam-me a mente. Preciso despir a raiva, a ingratidão, o olhar torto. Preciso secar a maresia na pele com lágrimas quentes e tentar de novo. O perdão deve ser leve como a flor de algodão ao primeiro sopro. Sem volta, sem arrependimentos. O perdão devora a corrosão, devolve a liberdade da alma. As flores possivelmente nos perdoam por enaltece-las fora de seu habitat natural. Tranquemo-nos por dentro. Façamos uma revisão interior e sem delongas deixemos o amor entrar pela porta da frente, a voz da paz soar em nossos lábios, depois façamos do verde o cenário de nossas atitudes. Perdoar não é proferir o famoso “eu te perdoo”. Perdoar é seguir sem amarras, sem ruminar o talvez ou “se”. Havemos dessa forma de seguir sem dor de alma, melhor do que se contorcer na cama, lúgubre e estilhaçado. O perdão desata os nós da garganta e passamos a enxergar o que se vai por fora em consonância com o que se vai por dentro. Às vezes encontramos a felicidade no ato de perdoar. Depois, com sorte, teremos a estranheza da felicidade em nossas reminiscências como lição. E como quem adormece na paz mortal seguimos loucos plenitude sobre a condição de caminhar juntos e nunca à frente. Sejamos nobres e perdoemos por nós, e perdoemo-nos. 

Marcos Vidal

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