Silêncio. Os olhos fechados
buscam palavras. Restos na contramão incendeiam-me a mente. Preciso despir a
raiva, a ingratidão, o olhar torto. Preciso secar a maresia na pele com
lágrimas quentes e tentar de novo. O perdão deve ser leve como a flor de
algodão ao primeiro sopro. Sem volta, sem arrependimentos. O perdão devora a
corrosão, devolve a liberdade da alma. As flores possivelmente nos perdoam por
enaltece-las fora de seu habitat natural. Tranquemo-nos por dentro. Façamos uma
revisão interior e sem delongas deixemos o amor entrar pela porta da frente, a
voz da paz soar em nossos lábios, depois façamos do verde o cenário de nossas
atitudes. Perdoar não é proferir o famoso “eu te perdoo”. Perdoar é seguir sem
amarras, sem ruminar o talvez ou “se”. Havemos dessa forma de seguir sem dor de
alma, melhor do que se contorcer na cama, lúgubre e estilhaçado. O perdão
desata os nós da garganta e passamos a enxergar o que se vai por fora em
consonância com o que se vai por dentro. Às vezes encontramos a felicidade no
ato de perdoar. Depois, com sorte, teremos a estranheza da felicidade em nossas
reminiscências como lição. E como quem adormece na paz mortal seguimos loucos
plenitude sobre a condição de caminhar juntos e nunca à frente. Sejamos nobres
e perdoemos por nós, e perdoemo-nos.
Marcos Vidal
Perdoemo-nos sempre
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