quarta-feira, 23 de março de 2011
Conscidencia
O vaso rutilou
a nossa separação
desfez-se no chão
sem cor, entre a madrugada
e a manhã, hirta do peso
de tuas sobrancelhas cerradas.
Reparo tua boca que nada diz
quando tudo margeado
de nós dois, à beira mar
uma estrela se apagou na lagoa morta
O vaso agora mosaico
sem beira, sem forma
retrato aberto na esquina do
fogo, a noite toda
sem nada queimar
Eu vi quando deixaste, entre aberta,
a tua vida no canto futuro
arranhando língua
atordoando sensatez
acutilando meu entre
esperando de mim o que não sou
O nosso vaso
por acaso, retrato do fim
agora descansa hirto
no chão branco da sala.
Marcos Vidal
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