sexta-feira, 19 de março de 2010

Queda Livre


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Queda Livre

Começou a cair de braços abertos. Mundo dos olhos. Bisturi no tempo. Seria a soma das coisas o resultado de tudo? Recomeçaria agora se fosse possível. Salta pra fora das coisas do sentimento. Emoldura a tristeza pintada a óleo. Um amarrado de coisas, emboladas, enviesadas. A queda é livre, ligeira. Um zunido nos ouvidos, ventos em dó, elevação da alma. De repente uma forte dor nas costas e sentiu que asas brancas brotavam no sul de seu corpo. Dirigiu a liberdade bem próxima da tal felicidade. Haveria receios de enfrentar o mundo sozinho? Ele, estilhaçado de tudo, jogou-se. Ondas de dores massageavam seus ouvidos em comunhão com Bach. Um deslize de alma. A fraqueza foi fazer do outro a sua maior falta. Seu corpo ao vento enxergava tudo além, mas sentia tudo aquém. O azul subiu-lhe à cabeça. Estrelado de dúvidas contemplou a lua. Ela sempre marca o tempo da renovação, mas muitas vezes minguante de lágrimas. O tempo não conseguiu salva-lo. E aquele corpo cairia arrependido de viver, oco por dentro.

4/10/2006.



Um comentário:

  1. Não poderia deixar de comentar esse texto que me vestiu como nenhum outro. Vontade de aprisioná-lo em mim, de pegá-lo com as mãos, de guardar e quando me perder... encontrar-me novamente ao lê-lo.
    Obrigada.

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