sexta-feira, 19 de março de 2010

Mixórdia


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Corro a galopes raios azuis.
Sementes de girassol
borboletam no céu.
Esquivo-me de ser pedra.
Monóxido de palavras
dilui cérebros.
Haverão dias horizontais?
A tradição tem cor rupestre.
Meu corpo celeste, azeite amarelo
tocaia no ventre uma luz vaginal.
Emperrei a condição de te olhar.
À beira dos teus lábios enxergo
nãos...
Há tempos não descubro meu sangue.
Minha pele escura escorre martelos,
espinhos de ferro rasgam-me os olhos.
O cinza da madrugada sem par trouxe você.
Gelos boiam no uísque.
Teu olhar embotado
briga assustadoramente comigo.
A noite cala lembranças.
Recupero o amor
reconstituindo,
reeditando.
Mixórdia sertanista
doente inacessível de mim mesmo.
Marcos Vidal

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