quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vai...




Vai...
Faz de conta que me ouve
E cola teu ouvido em meu coração.
Não deixa a lua solta nessa tua amplidão.
Guarda um segundo pra minha voz
Pois o vento, mesmo veloz, há de ouvir
O que tenho pra dizer.

Vai...
Escuta com os olhos as silabas
Dos meus cílios
Escuta o meu sorriso quando
Separo meus lábios do teu...
Guarda a minha ânsia no teu silêncio.

Vai...
Mas vai logo... pois as estrelas não tardam em dormir
Quem sabe uma nesga de luz estrelar
Te faça brilhar manhãs.

Vai...
De mansinho pela madrugada
Escuta o lamento no blues que gravei pra ti.
Sem cor, azul desbotado
Esgarçado de velho filme.

Vai...
E rouba das borboletas
O vento mais brando que puderes reter.
Na alvorada cinzenta
Retire-me o ar...
E quando notares que o silêncio jaz
Guarda-me sem pressa
Em tuas noites preguiçosas.


Marcos Vidal

Um comentário:

  1. Que sensibilidade e graça...

    Ressalto: "Vai...
    Escuta com os olhos as silabas
    Dos meus cílios
    Escuta o meu sorriso quando
    Separo meus lábios do teu...
    Guarda a minha ânsia no teu silêncio."

    Está perfeito!

    Beijos

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