quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Estou sendo

Talvez sejam palavras de brisa num verão escaldante de intenções vazias, suadas. Loucura de vento.
Como querer enfrentar um inimigo às seis da tarde numa cidade fantasma? Loucura com preço e sensatez. Como se fosse possível projetar o real sem fantasia. Mas o que realmente vejo? Queria ser pela metade. O meu vazio é não ser. No entanto, sou!
Sou uma invenção de mim a extrapolar o real. Coisa cheia de falsa moral, surdo de regras. Faço e refaço o meu interior o tempo todo. Mas o correto é dizer que não. No entanto, sou sem cor, transparente. E me vejo assim, a seguir pela vida inteira sem me trair, como se tudo fosse um grande teatro nesse mundo vertiginoso. Sou eu mesmo o meu mestre. Eu invento e sigo pelas vielas como quem não quer saber de nada, alimentando-me de coisas pequenas, estirado numa cama que não vai guardar a minha história.
Eu estou sendo. E estar sendo é tumultuado. Porque quando se está sendo não se tem certeza de nada. A não ser do presente, que será o meu passado e nunca o meu futuro. Mas sou de mim mesmo o meu próprio carrasco. Sou como os objetos, estou por aí, e às vezes não me percebo. Nunca essa coisa de ficar estático, e continuo preso nas masmorras da estima rasteira. Areia fina de praia. Sol disfarçado de luz amarela, esquálido.


Marcos Vidal

2 comentários:

  1. Ser absolutamente é ter olhos que moram no tormento das coisas.

    abraços

    ResponderExcluir
  2. Poema escape
    Palavra bálsamo
    Intenção de vida
    Ser enquanto escreve.
    :)

    ResponderExcluir