terça-feira, 9 de novembro de 2010

Anti-Manhã

Perto dali
longe de tudo
o inverso das folhas
quase rouba minha visão

Ainda trago no peito
serpentinas da noite passada
traz mais!
digo louco
perto da lucidez
traz mais tudo,
pois o pouco não tem vez!

Sobre a ladeira
o fio do tempo
se desfez
Ponto escuro, tormenta
da boca que inventa
eu trago o absurdo
troco e inverto
não mais o que está desfeito
Globo, Terra
macro e micro
total invalidez

Ronco debruçado
sobre o bem-te-vi
manhã de sono
lenta e singela

Dos olhos brotam avidez
vitupérios azulejados
quase um crime
quando relógios emparedados
anunciam o dia.

Vi Dalí
derretendo o tempo
formando bolhas de ilusão
na fogueira dos ciganos
colorido de ternura
vida que se mistura
quando roubo a sensatez
dos espelhos
que diante de mim mesmo
de-forma a minha tez.

Perto dali
anti-manhã desassossegada
flores abrem imaginadas
guardam segredos
de cores
dessas que não revelam
o Deus que tem em si.

Marcos Vidal

Um comentário:

  1. Volto a suspirar em teus versos de nuvem, tal qual flor que desabrocha em cor num mundo pálido

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